
Caminho em baixo do telhado do céu. O sol esquentando meu cérebro fervendo de pensar em alguma solução. Pro dinheiro no meu bolso entrar e alimentar quem caminha atrás de mim. Uma magra mulher com sandália no pé, carregando uma parte de mim em seus braços. Mais estica o zoom da luneta do olhar, que tu percebe como a seca barriga tem roubado a inocência. Me causa até revolta. Seca a garganta, seco o cérebro. A pele cobre os ossos, só resta a barriga vazia desse povo sofredor. Que pede ajuda. Carrega vento na sacola, a água que refresca minha testa, tem nome de suor. Tem calma minha gente, a comida vai chegar, a água vai molhar a garganta e quando a noite chegar no papelão vamos deitar. Oito almas vão descansar.
Texto: Deco
Foto: Daniel Feijó.